sexta-feira, maio 11, 2007

"Educar é preparar para a liberdade. As pessoas são livres porque podem escolher. E só podem escolher quando conhecem alternativas. Sem informação não há alternativa, e , portanto, sem alternativa não há liberdade. O bom educador deve estimular a diversidade, torcendo para que seus alunos tenham suas próprias idéias. E, mais do que isso, tenham a coragem de defendê-las, devidamente fundamentadas, em qualquer situação. E, sobretudo, tenham a coragem e a segurança de se admitirem errados e mudarem sua opinião"
Gilberto Dimenstain, jornalista

Construindo Jornal na Escola



Realizar o Jornal na Escola é muito mais que divulgar informações, fazer propagandas e realizar um trabalho em grupo. É também isso, e vai muito além, busca desenvolver a criatividade, o espirito crítico, a expressão oral e escrita.
É conhecer a realidade, os problemas locais, a cultura de um povo.
Por isso, nós como educadores, podemos utilizar os diferentes tipos de Jornais para enriquecer a nossa prática pedagógica , bem como desenvolver um trabalho com qualidade, onde com certeza nossos alunos encontrarão mais interesse e, consequentemente, construirão conhecimentos significativos.


Como Surgiu o Jornal



O professor francês Célestin Freinet, na década de 20, inovou em seu trabalho com crianças organizando aulas-passeio. Na volta dessas atividades extra-classe, os alunos estavam excitados - cada um queria contar o que vira, o que descobrira. O próximo passo foi colocar no papel todas as novidades das aulas-passeio.
Os alunos de Freinet criavam textos em seus cadernos mas, apesar do entusiasmo no momento da elaboração, os textos depois não eram lidos por mais ninguém. Acabavam ali. Freinet não se conformou com isso e teve uma idéia: por que não imprimir aqueles textos para que pudessem ser passados de mão em mão, lidos e relidos por outras pessoas? Conseguiu uma impressora, os componedores, os tipos...
O aumento de interesse por parte das crianças foi uma surpresa até para Freinet. Elas queriam ver seus textos impressos e mostrá-los para seus pais e amigos. Não se cansavam nunca!
Em janeiro de 1927, Freinet editou seu primeiro livro: A imprensa na escola, no qual explicava as inúmeras vantagens de se trabalhar o jornal escolar:
- Aprendizagem natural, sem esforço, da leitura e da escrita das palavras.
- Sentido permanente da construção de frases corretas
- Aprendizagem da ortografia pela globalização e análise de palavras e frases ao mesmo tempo.
- Sentido de responsabilidade pessoal e coletiva.
- Novo clima de uma comunidade fraternal e dinâmica
Dentre outras....
Assim começou a imprensa na escola. Desde então, disseminou-se por todo o mundo e, hoje, mais do que nunca, pode-se perceber sua importância no âmbito escolar.
E você, professor, está com vontade de tentar? Aproveite as dicas !

Tipos de Jornais



Jornal Mural
É mais simples? Claro. Mas nem por isso menos interessante! Defina um bom local (onde transite muita gente) para montá-lo e faça a equipe se esmerar na composição. A criatividade manda nessa hora. Que tal montar uma árvore com textos e imagens?

Jornal Mimeografado
O mimeógrafo é uma máquina onde se costumava imprimir provas ou desenhos. ainda é bastante utilizada e serve também na hora de montar um jornal escolar. É barato e fácil de manusear.

Jornal Xerocado
Método bastante utilizado para a produção de jornais amadores, pois o resultado da impressão se parece mais com a profissional. Uma das vantagens do jornal xerocado é poder optar entre fazê-lo no formato convencional, com a folha aberta e no sentido vertical, ou dobrar as folhas ao meio, no sentido horizontal, e encaixar uma na outra, como uma revista.
Basta datilografar os textos e montá-los, com títulos e imagens nas folhas e depois xerocar.

Jornal Informatizado
Utilizando alguns programas como Word ou Page Maker é possível fazer um trabalho muito bonito e moderno. Ainda se torna viável utilizar imagens de programas como o Print Artist.
Caso a escola possua um scanner, fotos e imagens scaneadas ilustrarão as matérias. Mas é bom lembrar que, para utilizar esses recursos, um certo conhecimento técnico é necessário.
A impressão pode encarecer o jornal. Portanto, uma opção mais barata é xerocar a folha impressa.

Terminou?
Não! Divulgar bem o jornal escolar e fazê-lo chegar às mãos não apenas dos alunos, mas da comunidade em geral, é o último passo. Afinal, ninguém quer ter esse trabalhão todo para depois não colher elogios. Concorda?
Agora, arregaçe as mangas e.....
Bom trabalho
!

Escolha do Jornal



A primeira decisão a ser tomada é: que jornal sua escola está preparada para realizar? Existem várias opções, algumas mais baratas, outras que exigem um mínimo de conhecimento de programas para computador. Você e seus alunos devem decidir, na primeira reunião do grupo responsável pela realização do jornal, qual é a opção adequada. Nada impede, porém, que você mude o padrão do jornal em edições futuras.

- Jornal mural
- Jornal xerocado
- Jornal mimeografado
- Jornal informatizado
Decidido isso, definam a periodicidade do veículo (semestral, bimestral, mensal) e o seu nome - para isso, que tal realizar um concurso na escola? É uma maneira de estimular a participação de todos no "nascimento" do jornal.

Hora de Fazer



Você, como professor, deverá coordenar os trabalhos. A redação de um jornal inclui: a escolha dos assuntos, a distribuição das tarefas, a discussão do material apurado e o que deverá ser publicado, a produção de textos e ilustrações, a definição de títulos e páginas.

Na primeira reunião você, com o grupo, deverá definir quem ficará responsável por cada área do jornal. O professor poderá contar com o auxílio de um aluno/editor, que o auxiliará na revisão do material apurado pelos alunos/repórteres, alunos/pesquisadores, alunos/fotógrafos e assim por diante.
Lembre-se de explorar os dons naturais dos seus alunos: aquele que desenha pode ilustrar algum texto definido pelo grupo, outro que fotografa bem pode ficar responsável pelas imagens dos temas explorados na edição a ser lançada. etc.

Pautas



Que assuntos serão abordados no jornal? De preferência, aqueles diretamente ligados aos interesses dos alunos. É bom lembrar que qualquer fato ou evento ocorrido na escola e/ou comunidade pode ser objeto de matéria.

Aí vão algumas sugestões:

- A participação de times da escola em eventos esportivos internos ou externos
- Passeios que turmas da escola tenham feito
- Programação de atividades da escola para o período
- Alunos que se destacam na música, artes, esportes
- Entrevistas
- Crônicas sobre temas discutidos em sala de aula
- Coluna social da escola
- Poesias e textos selecionados de alunos.
- Dicas de cinema, tv, teatro, vídeo, livros, etc
- Pesquisa de opinião entre alunos sobre temas específicos (ex. Você é a favor da pena de morte?)
- Experiências de destaque nas aulas de ciências .
- Colaboração de pais de alunos e de professores.

Matérias



1- Reportagens: Quem? Quando? Onde? Por quê? Como? - estas perguntas devem ser respondidas no texto. O repórter vai atrás dos acontecimentos, obtém informações de diferentes fontes (pessoas) e escreve um texto resumindo as idéias e o fato.

2- Entrevistas: As entrevistas do tipo pergunta e resposta, também chamadas pingue-pongue, são as mais comuns. A opinião de uma pessoa ou seu ponto de vista sobre determinado assunto são transcritos, juntamente com as perguntas do repórter. Uma introdução apresenta o entrevistado e o assunto.

3- Artigo: É um texto opinativo (um professor ou um aluno pode falar sobre algum tema polêmico, por exemplo)

4- Crítica: É a opinião do repórter a respeito de um livro, um filme, um disco, um programa de TV, etc.

5- Serviços: Informações que podem ser úteis ao leitor, como a agenda de eventos da escola.

6- Editorial: É a opinião do jornal sobre algum assunto importante e atual. A equipe do jornal pode definir, a cada edição, quem ficará responsável por ele.

7- Anúncios: Que tal aproveitar para criar uma coluna de classificados, onde os alunos possam trocar, vender, enviar mensagens, ofertar serviços?

8- Enquete, pesquisa de opinião: Escolha um tema que mereça ser pesquisado - qual a opinião dos estudantes sobre ele? Outra idéia é descobrir o perfil dos estudantes da escola através de pesquisas.

Diagramação


É normal, após a coleta final, você perceber que há mais material do que espaço disponível, ou que alguns textos ficaram longos demais. Lembre-se: não adianta sacrificar o visual do jornal para colocar todo o material que há em mãos. Ou a equipe do jornal correrá o risco de realizar um trabalho que poucos terão vontade de ler. Portanto, use uma tesourinha imaginária e corte o que for necessário. O que restar poderá ser utilizado na edição seguinte.
Depois de revisar todo o material, é hora de fazer os títulos, que devem ser chamativos e retratar o conteúdo da matéria publicada - não vale vender gato por lebre.

Material visual

Dependendo de como o jornal será impresso (ou caso seja mural) a equipe definirá o material visual, que pode ser:
- Charge - Ilustração - Foto - Caricatura - Colagem - Clip Art Vale lembrar que o jornal xerocado deve ter imagens de preferência em preto e branco, a não ser que se opte por xerox colorido.
Tudo pronto? É hora de atingir o público!

Iniciando o Jornal

1. Entre no Word.
2. Configure a página: - Arquivo – configurar página.
Coloque todas as margens com 1 cm de largura
3. Tamanho do Papel – A4
4. Orientação – Paisagem
5. Dividir a página em duas colunas:
Formatar – colunas – duas colunas – marcar colunas da mesma largura – espaçamento entre colunas 2cm.
6. Dê preferência para escrever em caixas de textos que facilitam o trabalho.
7. Não inserir figura com o cursor dentro da caixa de te
xto.

Fontes Bibliográficas:

Freinet - Evolução Histórica e Atualidades - Rosa Maria Whitaker - Editora Scipione
Aventura Jornalística Estadão - Como fazer jornal - Jornal O Estado de São Paulo
Jornal na Educação - Considerações Pedagógicas e Operacionais - Sívia Costa - Edição do autor
Vamos fazer um jornal? - Elisabeth Maggio e Fábio Sgroi - Editora Moderna
Folha Educação - Programa Leitura de Jornal - Jornal Folha de São Paulo